Acordou naquela manhã como se fosse um dia qualquer. Levantou de sua cama, tomou banho, escovou os dentes, penteou seu cabelo, vestiu sua camisa verde e amarela da seleção confeccionada por uma famosa empresa investigada por trabalho infantil em países do dito terceiro mundo, desprezou os filhos como faz costumeiramente, ignorou sua mulher completamente, sentou-se a mesa sem paciência alguma, pegou uma xícara, encheu e sorveu lentamente alguns goles do líquido amargo que brota de suas veias enquanto lia as últimas falsas noticias do mais popular jornal golpista. Temporariamente saciou com ódio e intolerância seu insaciável desejo por privilégios e benesses e saiu as ruas para devorar a esperança dos que ainda acreditam em um país para todas e todos sem distinção.
Munido de uma bandeira com os dizeres “eu quero meu país de volta” caminhava em direção a uma famosa avenida da cidade com filhos e esposa enquanto bradava ensandecidamente palavras de ordem pedindo a volta da ditadura, o que não é um comportamento anormal para os padrões de uma pessoa preconceituosa, homofóbica, racista e misógina.
A típica família tradicional/conservadora brasileira de inspiração reacionária espuma de ódio pelos que lutaram bravamente para que eles tenham hoje o direito a livre expressão dos maiores impropérios e da mais escabrosa imbecilidade. Deixam claro, não tem um pingo de vontade de esconder, que são ignorantes políticos patológicos congênitos.
Chegando a famosa avenida tiveram suas expectativas esfaceladas pelo número ínfimo de pessoas que ali estavam. Fracassava assim a expectativa familiar de um estrondoso golpe de Estado. Voltavam a ser naquele o momento o que realmente são. Uma minoria decrépita da sociedade, fantoches de classe média dos corruptos capitalistas que lhes sangram até o último tostão vendendo-lhes sonhos de consumo com validade moral vencida.
Voltaram para casa tentando disfarçar tamanha frustração. Todos os seus panelaços foram frustrados, nada mais lhes restava fazer a não ser aceitar de uma vez o resultado legítimo das eleições presidenciais. Até 2018.
Moniquinha
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