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Mostrando postagens de janeiro, 2016

A cidade (dos intolerantes)

A cidade sem olhos é cega Ela mesma não se enxerga Não reconhece seus próprios pecados Muito menos suas falsas virtudes A cidade está só Oca de afetos Abandonada dentro dela mesma Nela habitam seres sem alma A cidade desastrosamente não se vê A duras penas não se lê Ela é inerte Incapaz de escrever um futuro Diferente de seu passado e de seu presente Doente ela é deserta de sonhos e Humanidade Exala crueldade Feroz se alimenta de sofrimento e insensibilidade E mesmo assim morre de fome Fome de gente Fome de ser humano Fome que ela mesma desconhece Por isso a cidade sem olhos é fria feito um cadáver Ela não respira Não reage Ela apenas transpira intolerância e medo Sepultada em sua arrogância Ela é fétida A cidade na verdade nunca viveu Sempre morreu de ódio por si mesma Desde o dia em que nasceu Do ventre impiedoso da desigualdade Ela finge que sobrevive Para o mundo que a acolhe Cheio de falsas esperanças Moniquinha/Monicacompoesia

Sem volta - O caminho de quem escreve.

É sem volta o caminho de quem escreve. Nossa estrada é diuturnamente pavimentada por ousadia e medo. Ousadia de escrever o antes impensável. Medo de não obter a palavra perfeita para o momento exato. Busca inglória por uma perfeição que nunca chega. Agonia e êxtase de quem escreve. Dilema. Transitar em meio a infinitos pessoais. Eis a nossa trajetória. Desafiar incessantemente a impossibilidade de traduzir o mais sufocante dos silêncios. Nossa sina. Viver o sonho como se realidade fosse. Ilusão. Ao menos no papel temos o mundo em nossas mãos. E exatamente por isso estamos condenados ao fim. Liberdade. Nada é definitivo, nem mesmo o verso que nos invade enquanto proseamos. Drama. Ficção ou realidade não passamos de um mero exercício literário de nós mesmos. Antropofagia. Somos consumidos até a última gota de suor sem nenhuma piedade pelos parágrafos que escrevemos. Devoramos enquanto somos devorados. Sacrifício. Sangramos hemorragicamente letra a letra. Sede. Sorvemos a taça transborda