Faz tempo que não escrevo por aqui. De repente bateu uma saudade de teclar lentamente meus pensamentos até tomarem forma, criarem asas e saírem voando por entre meus dedos até alcançarem os olhos de vocês. É cruel o exercício da escrita, principalmente quando ele se dá única e exclusivamente para revelar a alma inquieta de quem escreve. Meus últimos textos tiveram cunho político. Se bem que me pergunto quais não tiveram. No fundo até meus poemas trazem essa marca tatuada nas suas entrelinhas. Mas voltando aos meus últimos textos, os que ainda acreditavam na capacidade de resistência das pessoas diante da ameaça da perda da Democracia, só restaram deles a profunda desesperança que postei no texto anterior a esse que estou escrevendo. Perdemos. E perdemos muito, talvez bem mais do que consigamos enxergar. A cada dia que passa mais nos apequenamos como nação, como povo, como país. Estamos inertes diante de inúmeras perdas de direitos, do destroçar da Constituição Federal, do legislativo e do Judiciário. Enfim, estamos sós, desamparados por nós mesmos diante dessa selva explicita de impunidade. O que faremos com o nosso futuro? Por quais caminhos daqui por diante trilharão nossos ideais? São tantas perguntas que nos chegam a faltar respostas. Sinceramente não sei se o passar do tempo nos fará sequer visualizar com clareza o fenômeno que hoje se dá. Ruímos. E talvez seja de difícil e complexa reconstrução cada um dos nossos sonhos. Sonhos esses que foram perdidos tragicamente na década de 60 e reencontrados arduamente no final da década de 80. O que de certa forma nos tem erroneamente confortado é o fato de que não ruímos sozinhos. A Europa e os EUA estão nos acompanhando. Cada um a seu estilo, todos vem desmoronando lenta a dolorosamente. A seita do Deus Capital, com toda a sua perversidade, vem exigindo cada vez mais sacrifícios humanos. Sacrifícios que fundamentalistas, fascistas e afins estão obedientemente entregando. A Humanidade aos poucos vai se dissolvendo em um mar de sangue de refugiados, vitimas de guerras, fome, miséria, discriminação e atentados. Aqui não é diferente. O sangue escorre abertamente pelas vielas da periferia. Qual será o nosso destino? Teremos algum que não seja a mais dolorosa expiação dos erros que cometemos por omissão? Uma coisa é certa. O futuro nos aguarda. Talvez com muito mais interrogações em suas mãos, talvez com o silêncio dos que já se foram, talvez com o adormecimento dos que restaram. Tudo o que nos sobra é humildemente esperar por algo que talvez esteja próximo ou nunca chegue. O mundo está mudando cada vez mais violentamente e faz tempo que fechamos os olhos para isso. Faz tempo...
Moniquinha/Monicacompoesia
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