O que dizer a uma mulher vítima de violência? Sobre a agressão sofrida pela Deputada Federal Jandira Feghali em pleno Plenário....
Como podemos convencer uma mulher que diariamente é vítima de violência a procurar os meios legais para denunciar seu agressor com o intuito de puni-lo no rigor da Lei, garantindo principalmente seu Direito a vida, a partir do momento em que essa mulher toma conhecimento de que a própria relatora da Lei Maria da Penha, a Deputada Federal Jandira Feghali, é agredida física, moral e psicologicamente por dois outros deputados federais em pleno Plenário da Câmara dos Deputados durante Sessão transmitida ao vivo em rede nacional pela emissora de tv da Casa?
Se os próprios legisladores descumprem as Leis escabrosamente em Plenário diante de todas e todos o que podemos aguardar de um agressor comum?
Cabe lembrar que esse não é um caso isolado de Violência contra a Mulher em Plenário da Câmara dos Deputados. Antes dele já ocorreram outros, porém esse é o primeiro que envolve violência física explícita. Todos os agressores anteriores gozaram da mais estarrecedora impunidade. Qual o resultado gerado pela incompetência da mesa da Câmara e dos demais parlamentares de estabelecer uma punição aos criminosos, que além do próprio crime em si atropelaram vergonhosamente o Regimento da Casa sem medo algum de sofrer qualquer tipo de sanção? A primeira agressão física contra uma mulher. Será a última? Temo que não. Afinal, o que poderíamos esperar de deputados que se arvoram em sua impunidade sordidamente parlamentar para cometer atos ilícitos em plena Casa do Povo durante o exercício de seu mandato?
Mas qual a origem de tamanho descalabro machista na política?
Contra fatos não há argumento.
Vivemos em um país machista. É fato.
Estamos vivendo um momento de crescimento absurdo da mais feroz e covarde intolerância patrocinado principalmente pela grande mídia e por partidos de direita. É fato.
Nenhuma mulher hoje está livre de sofrer violência, seja ela física ou psicológica, nem a própria Presidenta da República. É fato.
Apesar da impunidade vigente, todo agressor de mulher, independente do lugar que ocupe na sociedade é um criminoso covarde. É fato.
A quase totalidade dos partidos políticos brasileiros é machista, incluindo alguns que se dizem de esquerda e que se autodenominam defensores dos Direitos das Mulheres. Entre as quatro paredes da Executiva a coisa é bem diferente. É fato.
Os partidos de direita são claramente misóginos. É fato.
A cota para mulheres nas nominatas visando as eleições se tornou uma grande farsa partidária de cunho machista. As candidatas que se sujeitam a condição de laranjas que o digam. É fato.
O Brasil não é um país plenamente Democrático porque não respeita o Direito Constitucional das mulheres brasileiras. É fato.
Paridade no Brasil é única e exclusivamente uma palavra encarcerada no dicionário. É fato.
Enquanto não houver uma profunda reforma eleitoral, apesar da maioria da população ser de mulheres, a maioria dos parlamentares continuará a ser de homens. É fato.
Enquanto as Garantias aos Direitos individuais previstos na Constituição Federal como o Direito a vida, a intimidade, a igualdade, a segurança e a liberdade não forem verdadeiramente extensivos as mulheres o Brasil será incapaz de avançar plenamente como Nação. É fato.
Não podemos mais nos calar. É fato.
Já passou da hora de agir. Por nós, por nossas filhas, por todas.
Não dá mais para fugir dessa luta.
Ou nós usamos o voto para eleger mulheres que possam defender os nossos Direitos no Parlamento Brasileiro ou continuaremos a ser vítimas de violência contra a mulher em todos os níveis, do Plenário as ruas, sem exceção. Pronto, falei...
Moniquinha
Comentários